Polícia pede quebra de sigilo telefônico de integrantes de grupo de aplicativo que ofendeu e ameaçou influencer colatinense

A influencer colatinense Carol Inácio, que sofreu ataques racistas, prestou depoimento no início da tarde desta quinta-feira (12), em Colatina. A Polícia Civil pediu a quebra do sigilo de dados e do sigilo telefônico dos participantes de um grupo de aplicativo em que as ofensas e ameaças foram publicadas.

Inicialmente este caso foi registrado como calúnia, difamação e injúria racial, mas a Delegacia de Polícia de Colatina está investigando e buscando elementos para confirmar se o caso se enquadra no crime de racismo.

A Delegacia de Polícia Civil de Colatina pediu apoio da Delegacia de Crimes Virtuais de Vitória e já pediu a quebra de sigilo de todos os números que participaram desse grupo de trocas de mensagens pelo celular.

Carol Inácio recebeu as mensagens no último domingo (08), dia do aniversário dela de 26 anos. Ela foi inserida neste grupo de troca de mensagens pelo celular e foi no grupo que ela recebeu inúmeras mensagens ofensivas. As ofensas foram publicadas num grupo de compartilhamento de mensagens do celular. Foram ataques racistas, nazistas e gordofóbicos.”Negras fedem a bicho”. Outra mensagem dizia para imaginar ela numa senzala de vidro.

Carol disse que as ofensas foram em relação ao seu corpo, a sua cor, ao seu cabelo, ameaças a ela e a sua mãe. A ativista e influencer disse que ficou muito assustada. Os ataques foram num grupo com quase 130 números de telefones. Dois contatos são  do Espírito Santo, mas tem de outros Estados e até do Exterior.


Influencer colatinense Carol Inácio

O grupo tem o nome “Abaixo o Negrismo” e na descrição os participantes se intitulam como homens, brancos e héteros normais. Carol disse que não conhece ninguém que está no grupo, mesmo assim juntou as provas e registrou um boletim de ocorrência.

No início da tarde desta quinta-feira Carol esteve na Delegacia Regional da Polícia Civil de Colatina acompanhada de um advogado. Ela prestou depoimento e foi aberto inquérito para apurar o possível crime de racismo.

Carol Inácio tem 26 anos, mora em Colatina, em Maria das Graças, é ativista negra e influencer digital, trabalho que já faz há treze anos. Na internet ela fala de empoderamento, da luta da mulher negra e da quebra dos padrões de beleza.

Se o pedido da Delegacia de Polícia de Colatina for aceito pela Justiça vai notificar as empresas de telefonia móvel para que forneçam todos dados que possam identificar as pessoas que praticaram o crime de racismo.

Se o crime for confirmado a pena pode variar de 1 a 3 anos, mas neste caso como as ofensas foram feitas na internet a pena é aumentada e pode chegar a 5 anos de prisão. 

ES já registrou 53 casos de racismo em 2021

De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), foram registrados 53 casos de racismo neste ano no Espírito Santo. Em 2020, foram 80, o que colocou o estado como o quinto do país com a maior incidência do crime, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. 

Carol registrou um boletim de ocorrência, mas afirma que não imaginava a proporção que a história iria tomar.

Foto e imagem captadas nas redes sociais

4 respostas

  1. Grupo claramente nazista. Devem ser identificados e punidos. A sociedade civilizada do século XXI não deve ser tolerante com os intolerantes (paradoxo da tolerância de Popper). A luta da Carol é uma luta contra 4 séculos de opressão escravagista e 5 séculos de preconceito contra seres humanos no Brasil.

  2. E um absurdo agente vê esse tipo de atitude nojenta de um bando de otários, o problema que leis no Brasil não funcionam, pois esses trastes, canalhas e covardes deveriam ser presos e pegar no mínimo uns 40 anos de prisão. Lamentável

  3. Infelizmente até hoje não vi ninguém realmente ficar preso por esse tipo de crime “racismo”, no início muita notícia e depois pouca ação. É o retrato de um Brasil atrasado onde “só fica preso quem roubar uma galinha por necessidade para comer”.

  4. Registro minhas considerações à equipe da 15° Delegacia Regional de Colatina pela celeridade nas investigações do caso de racismo em que foi vítima nossa admirada e estimada Carol, como uma resposta precisa a uma agressão com o único escopo de impingir menoscabo e execração cimantada em anacrônicas ideologias supremacistas que degradam a condição de ser humano de cada um de nós.
    Minhas admirações a todos agentes que se empenharam nessa empreitada.
    Minha solidariedade à Carol e que todos estejamos unidos contra os resquícios dos zumbis dos “fasces” que ultimamente ressuscitaram com as perversidades que lhes são características.

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