Vídeos: um professor e dois médicos de Colatina percorrem a pé 250 km no Sul do país. Veja a entrevista

Dois médicos e um professor de educação física de Colatina, que fazem parte do grupo Andarilhos Colatinenses, percorreram um trajeto de aproximadamente 250 km a pé. O desafio era concluir o Caminho de Nossa Senhora do Caravaggio, de Canela a Farroupilha, no Vale dos Vinhedos, no Sul do Brasil.

O professor de educação física Hemerson Tadeu Negrelli, 67 anos, e os médicos, Júlio Raminho, 68 e Milton Morais, 78, foram os autores da façanha que percorreu várias cidades em oito dias.

Encantamento, força de vontade, fé e superação vamos encontrar na entrevista que o médico Júlio Raminho deu para O Portal de Notícias ES FALA.

ES FALA: O grupo denominado Andarilhos Colatinenses, com mais de 20 anos de existência e que hoje tem um número expressivo de participantes, percorreu o Caminho de Nossa Senhora do Caravaggio. Quantos andarilhos participaram?

Júlio Raminho:

De Colatina foram três peregrinos, eu, Júlio Raminho, 68 anos, o oftalmologista, Milton Morais, 78, e o professor de educação física Hemerson Tadeu Negrelli, 67. É importante dizer que a idade não seria empecilho jamais. Queria ressaltar a presença do maratonista e peregrino Ricardo, que encontramos no trajeto e seguiu conosco. Fez o Caminho e no domingo final participou da Maratona dos Vinhos, em Bento Gonçalves com 44, 3 km. Ficou em quinto lugar na categoria.

ES FALA: o trajeto é longo, foram 250 km vencidos, ocorreu alguma preparação para a peregrinação?

Júlio Raminho:

Preparo específico não. Só caminhamos muito todas as manhãs, pois, já temos a experiência e passado de muitos caminhos.

ES FALA: O que fez vocês escolherem esse percurso?

Júlio Raminho:

Peregrinos, escolhem, além da aventura, alguns aspectos a mais em que acreditar e melhorar sua forma de viver. Cansativo sim. Gratificante, muito mais. Mas quando voltamos, com certeza, estaremos com outra visão, não do mundo, que talvez não possamos mudar, mas de nós mesmos, nossos pensamentos e atitudes isso sim! Podemos e devemos mudar. Escolhemos este percurso este ano, porque o Negrelli já tinha feito parte e pegamos um pouco da experiência dele. Valeu a pena de verdade.

Além de ser um objetivo traçado há algum tempo. O Caminho de Nossa Senhora do Caravaggio foi criado oficialmente em 2019. Ficamos hospedados em três seminários. Frei Paulo, do Seminário de Anchieta, fez uma breve oração, com outros três padres e nos falou que caminhar significa pouco, temos que nos melhorar, para nós e para o próximo. Esta é a visão e o objetivo do caminho.

ES FALA: quais as maiores dificuldades que encontram?

Júlio Raminho:

Claro que o primeiro desafio seria financeiro. Se não nos programássemos, talvez não conseguiríamos fazer. Esta seria a única dificuldade real. Pegamos um voo até Porto Alegre, chegamos a noite,150 km de ônibus até Canela, 23 horas chegamos na pousada do amigo Jairzinho, onde tivemos todo o apoio possível.

Quero deixar claro, que os peregrinos são tratados com o maior respeito, inclusive ajudados, durante todo o caminho, dificuldades com certeza são muito maiores, muitos, muitos morros mesmo, altitudes elevadas, chuvas intensas nos 2 primeiros dias e depois 3 dias de sol intenso. Intenso mesmo, como está sendo na Serra Gaúcha. Penso que levamos a chuva conosco. O restante é só vontade e perseverança.

ES FALA: ocorreu algum acidente?

Júlio Raminho:

Sem nenhum acidente. Caminho longo, com muitas altimetrias, ou seja, muitos morros mas, se nós nos programarmos, mesmo sem guias, como fomos, sem chance de problemas.

O caminho é super bem sinalizado. Reservamos as pousadas, albergues e seminários antes, preços excelentes, com o máximo de estrutura que o peregrino precisa. O peregrino é super bem tratado no Caminho.

ES FALA: imagino que devem ter sentido muitas emoções.

Júlio Raminho:

Emoções, nem poderia te responder de tantas que são. Só de sair do Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio em Canelas e oito dias depois, caminhando sol a sol, sem parar e chegar no Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, em Farroupilha, dá para imaginar a emoção. É gratificante e sem palavras para explicar.

ES FALA: o percurso original é de 10 dias e vocês fizeram em oito, apertaram o passo?

Júlio Raminho:

O percurso original, seriam 10 dias, com 9 paradas além de Canela. Resolvemos forçar mais. Fizemos em 8 dias, com 7 paradas. Nos primeiro e segunda dias, fizemos em 1 dia, nunca vi tanta chuva. O oitavo e nono dias, fizemos em 1 dia 36 km. O Sol que Deus deu.

Dois dias foram para visitar Bento Gonçalves e Garibaldi, que não fazem parte do Caminho. O Caminho sai de Canela, depois Gramado, Caxias do Sul e Nova Petrópolis, voltamos a Caxias do Sul e finalmente Farroupilha, onde está o santuário oficial de Nossa Senhora do Caravaggio.

ES FALA: fique a vontade para as considerações finais:

Júlio Raminho:

Fazemos parte dos Andarilhos Colatinenses, grupo de andarilhos, que já existe há 20 anos. Nem todos, mas já fizemos, Passos de Anchieta, por 12 anos seguidos. São 110 quilômetros, de Vitória a cidade de Anchieta pela praia, o Caminho da Luz, em Minas Gerais, por cinco vezes, de Tombos ao Pico da Bandeira, por seis vezes, Machu Picchu, no Peru, nos Andes, a pé, eu, Milton e Tadeu. Kilimanjaro na África, Santiago de Compostela, são 800 quilômetros, de França a Espanha.

Também fizemos o Caminho da Fé, de Minas a Aparecida do Norte, Caminho dos Colibris, de João Neiva a Santa Teresa, várias vezes, percorrendo pela reserva Augusto Ruschi, o Caminho das Orquídeas de Domingos Martins a Jerônimo Monteiro, várias vezes, os trajetos de Barra do Triunfo, Alto Jequitibá, Cruzeiro de Marilândia.

Caminhamos todos os sábados e domingos. Caminhadas longas, sempre que possível.