Governo do Estado: ES vai contratar 300 psicólogos e assistentes para atender alunos nas escolas estaduais

Em meio à escalada de ataques a alunos e educadores em escolas do país e a uma onda de ameaças via redes sociais a colégios do Espírito Santo, o governo estadual vai contratar mais 300 profissionais, entre psicólogos e assistentes sociais, para reforçar o atendimento socioemocional na rede estadual de ensino.

Eles ficarão vinculados à Secretaria de Estado de Educação (Sedu) e serão contratados, num primeiro momento, na modalidade designação temporária (DT), mais ágil e menos burocrática que a contratação por concurso público. Posteriormente, o governo terceirizará o serviço, contratando uma empresa especializada na área para oferecer esses profissionais ao Estado.

A medida foi anunciada pelo governador Renato Casagrande (PSB) na tarde desta terça-feira (11) e é parte do plano estadual de segurança nas escolas, que ainda está em elaboração e será anunciado por completo no próximo dia 27. A expectativa do governador é que esse reforço de 300 profissionais esteja em atividade ainda este ano.

Casagrande ressaltou que o objetivo da medida é expandir um serviço já oferecido pelo Governo do Estado, mas com uma equipe reduzida.

Segundo o governador, com esses 300 novos assistentes sociais e psicólogos, a Sedu passará a dispor de dez vezes mais especialistas nessas duas áreas das ciências humanas (donde se deduz que hoje existem, no máximo, 30 desses profissionais para atender à rede estadual inteira). “Hoje nós temos esse serviço, mas temos poucos profissionais que fazem esse trabalho”, informa o governador.

Como explicam Casagrande e o secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, os profissionais contratados vão trabalhar nas superintendências regionais da Sedu e não serão designados para atender os alunos em unidades específicas. Cada um deles ficará responsável por um conjunto de escolas da rede.

“Não vai ter profissional em cada escola, mas eles vão ter uma frequência de atendimento às pessoas que precisam desse atendimento socioemocional em cada escola nossa. Assim poderemos dar uma atenção especial, mais no detalhe, às famílias, professores e alunos”, conta Casagrande.

De Angelo destaca que os psicólogos e assistentes sociais não oferecerão atendimento clínico regularmente nas escolas da rede, mas estarão à disposição para fazê-lo em caso de alguma emergência ou evento de grande impacto que afete determinada comunidade escolar, como o atentado praticado por um ex-aluno de 16 anos a duas escolas particulares de Coqueiral de Aracruz, em novembro passado.

“Hoje nós já temos equipes multidisciplinares, formadas por psicólogos e assistentes tanto na unidade central da Sedu como nas superintendências. Mas vamos ampliar essas equipes com a contratação de mais psicólogos e mais assistentes. Eles não vão atuar escola por escola. Faremos grupos de escolas que ficarão sob a responsabilidade desses assistentes e psicólogos. Numa situação de emergência, eles evidentemente poderão e deverão fazer um atendimento direto. Mas o objetivo não é prestar um atendimento clínico, até porque algumas normativas, por exemplo, do Conselho de Psicologia Escolar, vedam essa prática”, explica o secretário.

Esse reforço, portanto, atuará mais na retaguarda da rede educacional, com foco voltado para a orientação, a formação, a capacitação e a mediação de conflitos entre os membros da comunidade escolar, conforme detalha De Angelo:

“O objetivo é mais de orientação, de formação, de capacitação, de mediação de conflitos e, obviamente, num exemplo como aquele lamentável de Aracruz, é um esforço que se soma à própria rede pública de Aracruz, que aí, sim, tem como função principal prestar esse atendimento.”

A Secretaria de Estado de Educação tem 11 superintendências regionais. Todas terão essas equipes multidisciplinares.

Entre outras medidas, o novo plano estadual de segurança nas escolas incluirá ações mais ligadas ao policiamento, como o fortalecimento do programa Patrulha Escolar e do trabalho de investigação da Polícia Civil.

CONTEXTO

Nos últimos meses, ocorrências de ataques criminosos a escolas, alguns deles com vítimas fatais, têm crescido de maneira assustadora no país, preocupando autoridades, estudantes, pais e profissionais da educação.

O Espírito Santo viveu um desses recentes episódios traumáticos em novembro, quando um adolescente disparou com a arma de fogo do pai contra professores e alunos em duas escolas do bairro Coqueiral de Aracruz (uma estadual e uma particular), deixando um rastro de quatro mortos e 12 feridos. O atirador tinha 16 anos, era ex-aluno de uma das escolas e foi apreendido no mesmo dia do atentado.

No dia 27 de março, um aluno de 13 anos assassinou uma professora a facadas em uma escola da Zona Oeste da cidade de São Paulo, além de ter ferido um aluno e outras três professoras. Na última quarta-feira (5), um homem de 25 anos invadiu uma creche em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, assassinando quatro crianças e deixando outras cinco feridas a golpes de machadinha.

De domingo (9) para segunda-feira (10), uma onda de pânico se espalhou pelo Espírito Santo devido a uma série de ameaças publicadas em redes sociais. “Anunciando” novos ataques a escolas da Grande Vitória, algumas delas citadas pelo nome, essas mensagens rapidamente se disseminaram, ou seja, viralizaram, ajudando a fomentar o clima de tensão que já estava elevada o bastante em razão dos terríveis episódios recentes registrados no país.

ES FALA: informação crédito ES360.

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