“Não podemos admitir que o nosso Estado retroceda”, pedem Dom Lauro da Diocese de Colatina e bispos do ES

Com a proximidade do segundo turno das eleições, em 30 de outubro, os bispos da Regional Leste 3 defenderam, por meio de uma carta divulgada nesta quinta-feira (20), que não se pode admitir “que o nosso Estado retroceda na garantia de direitos, na confiança e seriedade das instituições, no combate a toda forma de violência que provoca tanto prejuízo, dor e sofrimento ao povo, principalmente aos pequenos e empobrecidos”.

A carta é assinada pelo arcebispo metropolitano de Vitória, Dom Dario Campos, que preside a Regional, e pelos bispos Dom Paulo Bosi Dal’Bó, da Diocese de São Mateus; Dom Luiz Fernando Lisboa, da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim; e Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, da Diocese de Colatina. Também assina o documento o bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória, Dom Andherson Franklin Lustoza de Souza.

Os sacerdotes destacam que “as mentiras sobre fechamento de Igrejas, o medo, o ódio e a violência política que são disseminadas pelas ruas e pelas mídias sociais não podem calar a verdade do empobrecimento e da fome que a realidade nos mostra, orientando, assim, o agir e o voto dos cristãos”. Eles defendem o voto “iluminado pela fé e a razão”, e não “pela mentira e pelo medo”, para que, assim, seja feito “um pacto com os governantes, pelo nosso futuro e pelo futuro de quem amamos, como uma manifestação de nossa vontade de viver num Estado que gera e faz a vida crescer”.

Evidentemente que sem pedir voto para nenhum candidato, as bem traçadas linhas religiosas lembram que os eleitores capixabas não devem esquecer “estas nossas origens cristãs a fim de que não percamos o rumo e a direção que devemos seguir na construção de um Estado marcado pelos frutos do Espírito Santo”.

A carta foi escrita em Roma, onde se encontram com o Papa Francisco. Nela os bispos também dizem que “as mentiras sobre fechamento de Igrejas, o medo, o ódio e a violência política que são disseminadas pelas ruas e pelas mídias sociais não podem calar a verdade do empobrecimento e da fome que a realidade nos mostra, orientando, assim, o agir e o voto dos cristãos”.

Em outro trecho, especificando de maneira contundente a realidade do estado, eles dizem “não podemos admitir que o nosso Estado retroceda na garantia de direitos, na confiança e seriedade das instituições, no combate a toda forma de violência que provoca tanto prejuízo, dor e sofrimento ao povo, principalmente aos pequenos e empobrecidos”.

A carta chega em um momento de acirramento eleitoral entre Renato Casagrande (PSB) e Carlos Manato (PL), ao Governo do Estado, e Bolsonaro (PL) e Lula (PT), à Presidência da República.

CARTA

Roma, 20 de outubro 2022.

“Deixo-vos a Paz, a minha paz vos dou!” (Jo 14,27)

Caros irmãos e irmãs A todos, graça e bênção da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Príncipe da Paz!

Neste tempo de grandes desafios e esperanças, encontramo-nos em Roma, participando da Visita Ad Limina Apostolorum, junto aos túmulos dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, colunas da Igreja, e, em unidade com o Papa Francisco, com quem hoje nos encontramos, dirigimo-nos ao Povo de Deus do Estado do Espírito Santo, que se prepara para escolher os seus candidatos, às vésperas do segundo turno eleitoral.

Nosso Estado nasceu no dia de Pentecostes, celebração litúrgica que evoca o envio da Igreja pelo mundo inteiro para anunciar, com a alegria evangélica, as maravilhas do Reino de Deus, fazendo discípulos missionários de Jesus Cristo, formados com os valores do Reino para a promoção da paz, justiça e fraternidade.

Nossa história também foi marcada pela presença da Virgem Maria, reconhecida sempre como aquela que intercede e caminha conosco, a quem nós, capixabas, saudamos e reverenciamos como Nossa Senhora da Penha, Senhora das Alegrias.

Estas nossas origens cristãs não podem ser jamais esquecidas, a fim de que não percamos o rumo e a direção que devemos seguir na construção de um Estado marcado pelos frutos do Espírito Santo, que são: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, felicidade, mansidão e autodomínio” (Gl 5,22).

Neste segundo turno eleitoral, o futuro do nosso Estado, aquilo que desejamos para nossas crianças, jovens, adultos e idosos, está sendo moldado. Por isto, todos nós devemos agir sempre comprometidos com a verdade, a justiça e a paz, na defesa da vida e da dignidade de todas as pessoas, especialmente os mais pobres e vulneráveis, que sofrem ao longo dos anos, com a ausência de políticas públicas voltadas para o seu bem-estar integral, conforme ensina a Doutrina Social da Igreja. A verdadeira cidadania cristã exige diálogo, respeito, solidariedade e repúdio a toda e qualquer forma de violência, que fere a vida e a dignidade das pessoas.

As mentiras sobre fechamento de Igrejas, o medo, o ódio e a violência política que são disseminadas pelas ruas e pelas mídias sociais não podem calar a verdade do empobrecimento e da fome que a realidade nos mostra, orientando, assim, o agir e o voto dos cristãos. Não podemos admitir que o nosso Estado retroceda na garantia de direitos, na confiança e seriedade das instituições, no combate a toda forma de violência que provoca tanto prejuízo, dor e sofrimento ao povo, principalmente aos pequenos e empobrecidos.

Quando o voto é iluminado pela fé e a razão e não pela mentira e pelo medo, realiza-se um pacto com os governantes, pelo nosso futuro e pelo futuro de quem amamos, como uma manifestação de nossa vontade de viver num Estado que gera e faz a vida crescer.

A Carta Pastoral que escrevemos sobre a “Melhor Política” lança luzes sobre a realidade do nosso Estado e do nosso País, com princípios e orientações importantes para ajudar aos cristãos e a todos os que procuram o bem comum a escolherem os seus governantes.

Clamamos pela Paz e confiamos a vida do povo do nosso Estado do Espírito Santo à intercessão maternal de Maria, Nossa Senhora das Alegrias, a Virgem da Penha, pedindo sobre todos e todas a luz e o discernimento do divino Espírito, a fim de que nos comprometamos a construir o Estado que tanto desejamos, a partir da “Melhor Política”, isto é, a do Bem Comum.

Dom Dario Campos, OFM Arcebispo Metropolitano de Vitória –  Presidente do Regional Leste 3

Dom Paulo Bosi Dal’Bó – Bispo da Diocese de São Mateus – Vice-presidente

Dom Luiz Fernando Lisboa – Bispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim – Secretário

Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa – Bispo da Diocese de Colatina

Dom Andherson Franklin Lustoza de Souza – Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória

5 respostas

  1. É muito interessante esta CARTA que foi escrita vindo de Roma! É muito importante o apoio das dioceses, não importa de quais estados. Mas quero ressaltar que mesmo sem dizer nome aos candidatos, os dizeres da carta deixa bem claro quais são as intenções. A minha preocupação é: Será que quando chegar O GOVERNO ÚNICO, segundo as profecias da BÍBLIA SAGRADA, onde não poderemos mais encontrar nem BÍBLIA para lermos, quanto mais um padre ou pastor para celebrar; os cristãos terão o apoio de qual intercessor, senão de JESUS CRISTO, nosso ÚNICO SALVADOR?

  2. Acho correto eles se manifestarem, nós cristãos estamos gratos por isso, nós precisamos nos unir a favor da vida, somos seres humanos precisamos que as vozes supremas de nossas cidades sejam levadas a sério, afinal somos todos eleitores e nossas vidas e bem estar de nossas famílias dependem até mesmo das posições dos superiores de nossas igrejas, gratidão, que Deus esteja a Frente de tudo,Amém!!!

  3. Muito sensata sua observação…acredito que a defesa dessa carta não observou que um dos candidatos a governo do estado esta focado na ação social que terá como base a igreja e seus trabalhos sociais…acredito que estão fechando os olhos para democracia e ao se abster da politica deixa uma brecha para um estado laico…..

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