Colatina, com aproximadamente 120 mil habitantes está sendo um dos municípios que mais adota medidas de prevenção contra o coronavírus. Quando várias cidades mantiveram o comércio funcionando, Colatina fechou as portas das prestadoras de serviço, do comércio e manteve apenas os trabalhos essenciais em atividade. Fechamento de bares, suspensão de aulas, decretos que restringem uma série de ações do cidadão comum. Mesmo com a adoção dessas ações governamentais, do sacrifício de vários setores que sustentam a vida econômica da cidade como comércio, setor de entretenimento e vários outros, Colatina continua amargando o último lugar em isolamento social no Estado por quatro vezes nos últimos 10 dias.
Uma polêmica, na última semana, ocorreu no município quando o Prefeito Sergio Meneguelli tomou mais uma medida para combater o avanço do vírus e estabeleceu novos horários de funcionamento de alguns setores, que segundo lideres do comércio não agradaram os lojistas.
A prefeitura fez sua parte buscando meios para amenizar o crescente do número de casos da pandemia. Os empresários se sacrificaram e, mesmo à contra gosto cumpriram o decreto rigorosamente; no entanto não foi o suficiente para que Colatina não amargasse na última quinta-feira (15) o último lugar em isolamento social (40,6%) em todo o Estado.
A baixa adesão às medidas de isolamento social reflete diretamente no comportamento da doença na cidade. Nos últimos 10 dias, os casos de coronavírus quase triplicaram em Colatina. Entre a quarta-feira (7) e domingo (17), o número de diagnósticos positivos da doença saltou de 38 para 112 casos.
A percepção de que a falta de adesão ao isolamento social é o motivador do aumento de número de casos de Covid-19 é questionado por grande parte da sociedade colatinense. As justificativas para não se cumprir o isolamento social vão desde a necessidade de trabalhar para prover o sustento da família. “Eles pedem pra gente ficar em casa, mas quem paga as minhas contas?”. revela um vendedor ambulante, pai de três filhos, todos menores que recorreu a ajuda financeira do Governo Federal . Ao ” Cansei de ficar em casa, to de máscara, eu e minha família”. disse a mãe, com seu esposo e três filhos. Dos cinco componentes da família nuclear, dentro de um supermercado no centro da cidade, ela estava de máscara e os outros 4 com as máscaras no queixo.
Governante que determina medidas impopulares para conter a pandemia causa desgaste no relacionamento entre setores da sociedade organizada e do poder público; Comércio, indústria e vários ramos sofrem com uma das maiores crises financeiras da história de Colatina, que estão cumprindo os decretos e o seu papel no combate ao vírus; Medidas são tomadas que não surtem os efeitos desejados, que é comprovado pelo aumento de 200% dos casos confirmados de Covid-19 em dez dias na cidade.
O panorama é preocupante para uma semana que começa com:
– 3 óbitos;
– 7 internados;
– 48 casos em isolamento domiciliar;
– 112 casos confirmados;
– 549 casos notificados;
– 133 notificados sem coleta de amostras;
– 54 pacientes curados
” Se todos não participarem e saberem que cada um é responsável pelo outro, não vamos vencer. Vamos adoecer, morrer e adeus vida. Para o vizinho a morte na minha família não lhe trás dor, mas para a minha família quando perde um ente querido a dor é insuportável. Não traga doença para sua casa, pois ela está ali atrás daquela porta, pedindo para você ir buscá-la”. O relato é de uma jovem, Amélia Ferreira Bittencourt, moradora do Rio de Janeiro, escrito em 1919 quando a Gripe Espanhola causou 50 mil morte no Brasil.
Foto: centro da cidade de Colatina captada nas redes sociais