Rio Doce: Atingidos do ES e MG formam grupo para reivindicar saúde e restauração ambiental

O encontro de atingidos do Espírito Santo e Minas Gerais, realizado nesta segunda-feira (15) em Nova Almeida, na Serra, resultou em um apelo por medidas urgentes diante da confirmação da contaminação de alimentos produzidos na Bacia do Rio Doce. O evento teve como foco discutir saúde e território com base nos relatórios da Aecom, perita judicial no caso, e na Nota Técnica do Ministério da Saúde, que destacam os sérios riscos à saúde da população que consome produtos locais desde Bento Rodrigues, em Minas Gerais, até o litoral capixaba.

O direcionamento principal após o encontro foi a busca por respostas e ações efetivas no campo da saúde e restauração ambiental. Herval Nogueira, atingido em Barra do Riacho e diretor do Sindicato Unificado da Orla Portuária do Espírito Santo (Suport/ES), destaca a necessidade urgente de cuidar da vida e da natureza. Ele ressalta a contaminação dos alimentos da água e da terra na região impactada pelos rejeitos de mineração, desde Minas Gerais até o litoral capixaba.

O sindicalista enfatiza a importância da união dos atingidos para reivindicar respostas dos órgãos de justiça, executivo municipal, estadual e federal, e da Fundação Renova. Ele destaca que o compromisso das autoridades deveria ser com a saúde e a natureza, não apenas com questões indenizatórias.

Uma reunião com a Defensoria Pública já está agendada, e o grupo pretende encaminhar ofícios solicitando reuniões, esclarecimentos e ações a órgãos ligados à saúde e meio ambiente, como Serviços Autônomos de Água e Esgoto (SAAEs), Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) e Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).

Luciana Souza, integrante da Comissão de Atingidos de Regência e Entrerrios, enfatiza a frustração por ter em mãos documentos importantes, como relatórios técnicos, sem conseguir utilizá-los devido à falta de conhecimento técnico. Ela destaca que a discussão sobre reparação não pode ignorar os impactos na saúde dos atingidos e nos territórios afetados.

A saúde das comunidades atingidas, segundo ela, está comprometida, mas as ações de saúde estão paralisadas. Luciana ressalta a necessidade de tirar a saúde da judicialização e destaca a importância de profissionais de diversas áreas, como ginecologistas, dermatologistas e psicólogos, nas unidades de saúde das comunidades.

O momento, segundo Luciana, é crucial, e os atingidos precisam fazer parte da mesa de repactuação para garantir transparência e participação na discussão sobre suas vidas e territórios. A busca por esperança e a perspectiva de retorno à pesca, turismo e lazer são fundamentais para as comunidades afetadas.

O encontro reforça a união dos atingidos diante da invisibilidade dos danos à saúde e ao meio ambiente, destacando a necessidade de protagonismo e participação ativa nas discussões que afetam diretamente suas vidas e comunidades.

ES FALA: informação Século Diário

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